Muito além dos malefícios que as drogas podem trazer ao corpo e à vida do usuário, quem encara a batalha contra o vício ainda tem um grande desafio pela frente: vencer o preconceito contra dependente químico. Afinal, infelizmente, a nossa sociedade ainda conserva uma visão muito errada sobre a doença e nem sempre aceita a situação de forma inteligente e consciente, muitas vezes, destilando ódio, desprezo e desapreço pela pessoa.
O fato é que todos estamos suscetíveis a isso, e os vícios podem começar em atos simples, desde a cervejinha com os amigos da esquina até o uso descontrolado de determinado medicamento. Ou seja, a dependência química não se limita apenas às drogas mais pesadas e de maior risco.
Então, por que essa falta de empatia e qual é o papel dos familiares nessa situação? Neste post, vamos abordar um pouco sobre esse difícil assunto e mostrar que o preconceito contra dependente químico só tende a agravar a situação e até gerar quadros piores, como uma depressão. Vamos conferir?
Por que ainda há preconceito contra dependente químico?
A falta de informação sempre será o principal fator para o preconceito. No entanto, esse cenário é ainda mais grave no Brasil por diversos outros motivos sociais e históricos. Nosso país encara, há séculos, problemas raciais e de desigualdade entre classes que, naturalmente, reforçam essa situação.
Para tentar enxergar melhor essa realidade nacional, nós destacamos algumas das principais raízes desse preconceito contra o dependente no Brasil. Confira!
Criminalização dos usuários
Essa triste realidade aguça ainda mais a questão do preconceito contra dependentes químicos na sociedade, na qual vemos, cotidianamente, a criminalização do uso de drogas pelo próprio Estado, quase sempre com políticas falhas, violentas e muitas vezes impróprias, especialmente nas áreas mais pobres.
Ainda é difícil para muitos brasileiros, que já nasceram convivendo com essa rotina, entenderem que droga é um caso de saúde e que políticas públicas eficientes teriam muito mais efeitos positivos do que a truculência policial ou o desprezo da sociedade.
Desinformação
Como já dissemos, o preconceito é, na maior parte das vezes, fruto da desinformação. É preciso entender que a dependência química é uma doença crônica e sem cura, e, portanto, a única forma de tratá-la é por meio de apoio profissional médico.
Se algum ente querido cai doente em casa com qualquer tipo de enfermidade, certamente a família vai buscar meios de protegê-lo e tratá-lo, concorda? Então, por que seria diferente com um caso de dependência química?
A explicação é justamente a falta de informação. Infelizmente, muitos familiares não compreendem que se trata de uma doença e agem como se a pessoa tivesse escolhido estar naquele estado.
Vergonha
Uma triste realidade nas famílias brasileiras que contam com dependentes químicos é o abandono de seus entes queridos por mera vergonha ou pela não aceitação do problema. Esse tipo de preconceito atinge pessoas de todas as classes sociais e idades, e muitas dessas vítimas acabam parando nas ruas e cracolândias dos centros urbanos.
Vale destacar que o abandono do dependente químico também pode caracterizar-se pela ausência de cuidados essenciais e tentativa de reabilitação da pessoa, mesmo que ela ainda resida e conviva com a família dentro de casa.
Quais são os impactos desse preconceito na vida dos dependentes?
São inúmeros os problemas que o preconceito contra dependente químico pode promover na vida do usuário. Aliás, é importante reforçar que o vício por uma droga não envolve apenas riscos para o organismo da pessoa, mas também engloba uma série de fatores externos com a saúde mental e psicológica do viciado.
Quando um dependente é excluído em seu ciclo de amizade, demitido de seu trabalho e distanciado pela família, ainda mais difíceis serão as suas chances de recuperação.
Para se ter uma ideia, metade dos dependentes químicos apresenta doenças psíquicas associadas, sendo a depressão e a bipolaridade as mais comuns.
Boa parte disso não está atrelada aos efeitos ou às consequências do consumo das substâncias, mas sim ao preconceito e à falta de atenção e de tratamentos adequados.
Em resumo, não é só a droga o principal desafio de dependente químico. O preconceito também agrava, traz riscos e, inclusive, pode matar!
Qual é o papel da família?
Infelizmente, em muitos casos, o preconceito contra o dependente químico começa em casa e pelos familiares, que deveriam servir como o porto seguro daquela situação. Evidentemente que o desafio é grande, e as consequências de uma dependência atingem a todos.
Porém, o papel da família é mais do que fundamental e, quase sempre, é o ponto principal para o início de uma mudança. Portanto, não desista ou se entregue por vencido nessa luta.
Como conselhos, destacamos algumas ações e atitudes que podem ser muito úteis para essa batalha e que devem ser praticadas pelos familiares em situações desse tipo. Confira!
- busque manter uma energia positiva dentro de casa, sempre fortalecendo a autoestima e incentivando boas ações;
- mantenha-se disposto sempre a ajudar e a contribuir;
- elogie cada evolução;
- trabalhe bem os diálogos e permita-se ouvir o lado do dependente químico;
- jamais aja de forma agressiva, com autoritarismo, castigos ou violência;
- mostre exemplos e notícias boas de casos de sucesso;
- planeje uma vida mais saudável dentro de casa;
- estimule o usuário a criar planos futuros e ajude-o a conquistá-los;
- tenha empatia e compaixão;
- participe de grupos de apoio e troque informações com outras famílias na mesma situação;
- busque apoio e suporte profissional.
Enfim, o preconceito contra dependente químico ainda é uma realidade e cabe a todos nós compreendermos que temos um papel fundamental na sociedade e em nossas famílias. Se você encontrar uma situação difícil com algum ente querido e não conseguir lidar com isso, não hesite em procurar uma clínica de recuperação e ajudar a salvar a vida de quem você mais ama.
Precisa de ajuda? Entre em contato conosco! Temos profissionais capacitados para te ajudar!
Fonte: viversemdroga.com.br