O álcool é uma substância que pode trazer grandes malefícios a vários órgãos do nosso corpo, principalmente ao fígado, pâncreas, coração e cérebro. Nos EUA, os gastos do sistema de saúde e as perdas de produtividades devido a doenças relacionadas ao álcool ultrapassam os 180 bilhões de dólares por ano.
Todavia, ao contrário do cigarro, que faz mal em qualquer quantidade, se as bebidas alcoólicas forem consumidas com parcimônia e de forma responsável, há evidências de que elas possam até trazer alguns benefícios para a saúde. Por outro lado, são cada vez mais comuns os estudos mostrando que mesmo o consumo de pequena quantidade de álcool, quando feito diariamente, pode aumentar o risco de surgimento de vários tipos de câncer.
Neste artigo nós vamos fazer uma rápida revisão sobre os benefícios e malefícios do consumo do álcool. Falaremos também sobre os critérios utilizados para definir alcoolismo.
Após a conclusão deste texto, não deixe de ler também os seguintes artigos relacionados ao consumo de bebidas alcoólicas:
BENEFÍCIOS DO ÁLCOOL
Esse texto é basicamente sobre efeitos nocivos do álcool e alcoolismo, porém, não podemos deixar de falar rapidamente nos benefícios do uso responsável do álcool. Ao contrário da maconha e do cigarro (as outras duas drogas mais usadas socialmente), existem algumas evidências de que o consumo leve a moderado de álcool pode até ser benéfico para a saúde. Mas antes que todo mundo saia por aí bebendo, algumas explicações são necessárias.
Não existem grandes trabalhos científicos sobre os efeitos benéficos do álcool, a maioria consiste em pequenos estudos a curto prazo e com número pequeno de pacientes. Apesar desses defeitos, os estudos que existem realmente sugerem que o consumo moderado possa trazer benefícios como a redução das doenças cardíacas. Deve-se encarar essas vantagens como algo possivelmente real, mas não como uma verdade absoluta já aceita por toda comunidade médica.
Os trabalhos mostram que os benefícios parecem vir do álcool e não de um tipo específico de bebida, como o vinho, por exemplo. A história dos flavonoides do vinho serem cardioprotetores nunca foi comprovada. Parece que qualquer bebida alcoólica tem o mesmo efeito. Nenhuma é superior a outra.
O grande problema é que não existe uma dose ideal de álcool para todo mundo. Em geral, mulheres são mais susceptíveis aos danos do álcool que os homens. Aceita-se que a dose considerada benéfica seja 10 a 15 gramas de álcool, o que equivale a uma taça de vinho ou uma garrafa pequena de cerveja (355 ml) por dia para as mulheres. Homens podem beber um pouco mais como duas garrafas de cerveja ou duas taças de vinho por dia. Há quem ache que o consumo não pode ser diário, sendo necessário 1 ou 2 dias de intervalo.
É importante salientar que em algumas pessoas os benefícios cardiovasculares de uma ingestão moderada de álcool acabam não sendo vantajosos, uma vez que causam um aumento dos riscos de outras doenças como câncer de mama, doenças do fígado e acidentes automobilísticos.
A ingestão de álcool, mesmo que moderadamente, é contraindicada em alguns casos:
– Grávidas.
– Pessoas com passado de alcoolismo.
– Pessoas com histórico familiar de alcoolismo.
– Antecedentes de AVC hemorrágico.
– Pessoas com doenças do fígado.
– Pessoas com doenças do pâncreas.
Também devem evitar o consumo regular de álcool pessoas com doenças do estômago e esôfago e aquelas com história familiar forte de câncer de mama.
Também não devem beber quantidade alguma de álcool pessoas que irão operar máquinas pesadas ou conduzir carros nas próximas horas.
MALEFÍCIOS DO CONSUMO ELEVADO DE ÁLCOOL
Definimos como alcoolismo pesado o consumo de mais de 7 drinks por semana ou a ingestão frequente de mais de 3 drinks por dia nas mulheres (1 drink é igual a uma taça de vinho ou 355 ml de cerveja ou 45 ml de uísque) e o dobro disso nos homens. Portanto, mulheres que bebem diariamente duas taças de vinho todos os dias, já estão enquadradas no grupo de alcoolismo pesado.
O consumo elevado de álcool elimina todos os possíveis benefícios do consumo leve e ainda pode trazer inúmeras complicações para saúde, como:
– Câncer de mama
– Câncer de estômago.
– Câncer do cólon .
– Câncer de fígado
– Câncer de esôfago.
– Cirrose
– AVC (derrame cerebral).
– Pancreatite aguda e crônica
– Osteoporose .
– Diabetes mellitus.
– Hipertensão.
– Acidentes e traumas severos.
– Impotência sexual.
– Má formações fetais.
– Síndrome do túnel do carpo.
– Psoríase.
– Colecistite e pedra na vesícula .
– Suicídio.
Além dos problemas acima, todos os benefícios cardiovasculares do consumo moderado se transformam em malefícios no caso de consumo pesado de álcool. Elevam-se os riscos de infartos, insuficiência cardíaca e arritmias.
Além dos problemas de saúde, quem já teve contato com uma pessoa alcoólatra, sabe o poder destrutivo desta droga. Mesmo sem nenhuma doença física, essas pessoas se tornam improdutivas. O alcoólatra não trabalha, não cuida da família, muitas vezes se tornam violentos e perdem os contatos sociais, além de colocar a vida de outros em risco quando encontram-se atrás do volante de um carro.
O alcoolismo é uma doença e apresenta elevada taxa de morbidade e mortalidade. Estima-se que até metade dos acidentes de trânsito fatais estejam de algum modo relacionados ao consumo de bebidas alcoólicas. Nos EUA, onde existem dados mais precisos, cerca de 80.000 pessoas morreram entre 2001 e 2005 por doenças relacionados ao uso abusivo de álcool e 70% dos casos de suicídio em estudantes universitários ocorrem em pessoas com problemas com bebidas.
Ressaca e bebedeira
O que chamamos popularmente de bebedeira é a intoxicação aguda pelo álcool. Os sintomas da intoxicação variam de acordo com a concentração de álcool no sangue. Inicialmente sentimos tontura, incoordenação motora, desinibição e alterações no discurso. Concentrações muito alta de álcool podem levar a redução do nível de consciência e coma.
A ressaca é o nome que se dá ao grupo de sinais e sintomas que surgem após a intoxicação alcoólica, entre eles fraqueza, mal estar, dor de cabeça e intensa sede.
Uso de álcool com outras drogas, remédios e energéticos
A associação de bebidas alcoólicas com medicamentos pode levar a efeitos colaterais graves, inclusive com risco de morte. O álcool pode tanto potencializar os efeitos de um medicamento quanto neutralizá-lo. Pode também ativar enzimas que metabolizam o medicamento em substâncias tóxicas para o organismo.
Atualmente tem sido muito comum entre jovens a associação de bebidas alcoólicas com energéticos, outras drogas e até com medicamentos para impotência como Viagra (leia: REMÉDIOS PARA IMPOTÊNCIA | Viagra , Cialis e Levitra)
Falamos mais especificamente das interações do álcool neste texto: INTERAÇÃO DO ÁLCOOL COM REMÉDIOS E ENERGÉTICOS
ABUSO E DEPENDÊNCIA DO ÁLCOOL
Consideramos que há uso abusivo do álcool quando o paciente começa a apresentar pelo menos um dos problemas listados abaixo:
– Dificuldades em desempenhar adequadamente suas tarefas profissionais ou estudantis.
– Problemas legais relacionados ao uso de álcool com recorrência (por exemplo: agressões e acidentes de carro).
– Uso continuado do álcool apesar dos problemas sociais e profissionais que o mesmo está causando.
– Uso frequente do álcool em situações que ameaçam a sua integridade física (conduzir, operar máquinas pesadas, trabalhar na construção civil, etc.) ou uso frequente de álcool até perda da consciência.
O paciente com dependência do álcool, popularmente chamado de alcoólatra, é definido quando existem pelo menos 3 dos problemas listados abaixo:
– Tolerância aos efeitos tóxicos do álcool (necessidade de beber cada vez mais para ficar bêbado).
– Necessidade de beber álcool depois de algum tempo sem consumi-lo.
– Consumo de grandes quantidades de álcool, sempre maior do que inicialmente planejado.
– Percepção de que precisa diminuir ou controlar o consumo de álcool ou sentimento de culpa por beber.
– Dificuldades profissionais e/ou sociais devido ao uso abusivo do álcool.
– Perda de grande parte do dia bebendo, tentando obter álcool ou se recuperando da ressaca.
– Uso persistente do álcool apesar da noção de que o mesmo o está prejudicando.
O abuso e a dependência do álcool têm estreita relação familiar. Parentes de primeiro grau de pessoas com problemas com álcool tem até 4 vezes mais chances de também tê-lo.
TRATAMENTO DO ALCOOLISMO
O tratamento do alcoolismo visa a abstinência do álcool, ou pelo menos uma grande redução no seu consumo, e atualmente envolve psicoterapia e uso de drogas. O tratamento medicamentoso costuma ser usado por até 6 meses.
A naltrexona é atualmente a droga mais indicada. O disulfiram, topiramato, acamprosato e baclofeno são outras opções.
Fonte:MD Saúde