Em 2016 foram registrados 64 milhões de óbitos por overdose, sendo um terço por conta de um opiáceo conhecido como fentanil; droga pode ser dezenas de vezes mais forte do que heroína e também mais barata
Epidemia de overdose nos EUA aumentou 36% entre 2014 e 2016, afirma organização da ONU
O taxa de mortes causadas por overdose, principalmente as que provocadas por opioides sintéticos, em países da América do Norte atingiu “nível histórico”, segundo o último relatório que avaliou a situação das drogas no mundo, publicado pela Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (Jife) nesta quinta-feira (1º).
Só em 2016 foram 64 mil mortes por overdose nos EUA, superando os índices por arma de fogo e acidentes de trânsito no país. A tendência aumentou 36% em relação a 2014, quando o número era de 47.055 óbitos. Das mortes causadas por overdose em 2016, estima-se que mais de um terço estejam relacionadas ao fentanil e seus análogos.
“Os países da América do Norte, em particular os Estados Unidos e o Canadá, seguem enfrentando uma mortífera epidemia de opioides impulsionada pela crescente disponibilidade de drogas de venda popular e adulteradas com fentanil”, informou a organização da ONU.
Os opiáceos têm usa origem no ópio, substância que se se relaciona a receptores naturais do cérebro e diminuem a tensão, ansiedade e dor. Eles podem ser divididos em três categorias, de acordo com o Centro de Controle de Doenças americano (CDC): naturais e semissintéticos, heroína e opiáceos sintéticos.
Na década de 1960, o fentanil, um opiáceo sintético, foi criado em laboratório e tem se tornado o responsável por milhares de mortes nos EUA. Ele pode ser vendido legal e ilegalmente, consumido via injeções ou pílulas. O fentanil era a base do analgésico que levou à morte por overdose o cantor Prince, em abril de 2016.
Uma das principais características da droga, e que colabora para que seu consumo aumente cada vez mais, é que ela pode ser dezenas de vezes mais forte do que a heroína, e ainda é uma alternativa mais barata e mais forte.
Outros países
A crise está concentrada, em maior parte, nos EUA, mas outros países também estão sendo afetados pela epidemia. Canadá, Austrália, Reino Unido e outras nações europeias também já apontam casos alarmantes da prática.
A Jime chama a atenção das autoridades desses países para que tomem providências urgentemente em relação ao consumo das drogas por meio da aprovação de novas estratégias, medidas e leis de combate.
“Nos Estados Unidos, o número de casos de morte por overdose em que se certificou que a cocaína tinha sido a causa do falecimento, com ou sem a presença de opioides, aumentou em mais de 50% de 2015 a 2016”, aponta a Jife. Em 2017 o governo americano declarou uma emergência nacional de saúde pública.
Outras drogas
Com relação ao cannabis, o relatório fala dos processos de legalização aprovados em vários estados dos Estados Unidos e insiste que isso contraria a atual norma internacional. A Jife indica que, segundo os dados de pesquisas nacionais, a legalização do uso do cannabis com finalidades médicas teria acarretado o aumento do consumo de maconha ilícita e dos transtornos relacionados ao consumo dessa planta.
Ao mesmo tempo, indica que “a descriminação do cannabis parece ter levado grupos de criminosos a focarem na fabricação e no tráfico de outras drogas ilícitas, como a heroína”.
O relatório também aponta que a disponibilidade e o consumo de cocaína parecem aumentar na América do Norte.
Fonte: saúde ig