Em 2016, overdoses de heroína e analgésicos à base de ópio mataram 63.600 pessoas nos EUA; 26% havia sido prescrito por médicos.
No início deste mês, a pop star Demi Lovato, de 25 anos, admitiu em sua conta no Instagram ter sofrido uma overdose de opioide. No texto, ela se disse relapsa e prometeu focar na sobriedade e na recuperação. Em julho, paramédicos não hesitaram em aplicar na moça a substância naloxona, usada para reverter a depressão respiratória causada pela overdose, ao atendê-la em seu apartamento em Hollywood Hills, na Califórnia.
Tragédias frequentes na sociedade americana, os massacres em escolas e locais públicos despertam atenção dentro e fora dos Estados Unidos. No primeiro semestre deste ano, quarenta pessoas foram mortas em decorrência desses ataques armados. Menos alardeado e mais disseminado no país é outro trágico fenômeno americano: o consumo recorrente e, muitas vezes bem acima da dose recomendada, de drogas legais e essenciais para o tratamento de dores insuportáveis. Particularmente, os opioides.
Em 2016, 660 pessoas morreram em decorrência dos massacres. No mesmo ano, houve 63.600 casos de morte por overdose, segundo relatório do Centro Nacional para Estatísticas em Saúde (NCHS), órgão que faz parte dos Centros dos Estados Unidos para Controle e Prevenção de Doença, nacionalmente conhecido pela sigla CDC. Cerca de 66% dessas mortes – 42.249 pessoas – estavam ligadas aos opioides. O quadro é considerado epidêmico.
A família dos opioides inclui drogas ilegais, como a heroína e o fentanil produzido de forma ilícita, além de substâncias analgésicas usadas em tratamento médico, como a oxicodona e a hidrocodona.
Apesar de a epidemia ter aumentado rapidamente, foi ignorada por muitos anos até tornar-se um dos fatores causadores da gradual redução da expectativa de vida nos EUA. Em 2014, ela era de 78,9 anos. Em 2015, caiu para 78,7. Em 2016, baixou para 78,6 anos.
“Não sou dado a fazer declarações dramáticas, mas acho que devemos mesmo nos preocupar. O problema da overdose é de saúde pública, com o qual precisamos lidar. Temos de controlar isso”, disse Robert Anderson, chefe do Departamento de Estatísticas de Mortalidade do NCHS.
Fonte: Veja