O vício é um dos males mais cíclicos da humanidade. E o das drogas se inclui nessa imensa lista, capaz de desvirtuar o rumo de muitas pessoas, deixando-as na contramão das suas expectativas e esperanças para o dia seguinte.
A substituição de um vício por outro é uma tática comum, até, escolhida por quem deseja deixar para trás toda uma rotina para trás. Acontece que trocar um pelo outro, embora possa ajudar com eficácia a abandonar vícios antigos, pode apenas dar um novo nome ao vício.
Podemos pegar como exemplo o jovem João Araújo, que, aos 21 anos, pesava 61 quilos e deixava para trás um hábito contínuo no consumo de heroína e cocaína. Três anos depois, as drogas continuavam longe do seu sistema, mas sempre que subia na balança surpreendia-se com acusadores 130 quilos.
O motivo do peso dobrado foi atribuído aos alimentos calóricos servidos no centro de reabilitação. “Depois que fiquei sóbrio, continuei a comer essas coisas horríveis”, revelou João, que fundou, em São Paulo, uma Comunidade Terapêutica, que é um centro de tratamento.
“Aprendi a estar sóbrio, mas não me cuidava em relação às outras coisas. Não sabia cozinhar nem fazer supermercado, porque nunca tinha feito isso”, concluiu ele, que possui uma trajetória similar a de muitas pessoas que abandonaram os seus vícios.
O AÇÚCAR COMO VÍCIO SUBSTITUTO
Em parte, muito disso se deve à falta de atenção à nutrição dos pacientes em reabilitação. O problema é que, uma vez tratados, pouco se faz para cortar o açúcar da nova dieta já condicionada no sistema da pessoa.
Afinal de contas, comer é uma das táticas mais infalíveis para “esquecer” o vício. E, aí, entram os açúcares, refrigerantes, energéticos e petiscos cheios de açúcares e gorduras. Vale a pena para deixar no passado as drogas, mas não para reencontrar a saúde clínica no futuro.
Os Alcoólicos Anônimos, inclusive, recomendam aos dependentes que tenham sempre em mão um docinho, para sombrear a recaída. E o perigo reside nessa dependência que se cria no açúcar, uma vez que o cérebro passa a desejar mais dessas recompensas que os hiperpalatáveis criam, devido às substâncias químicas liberadas e que causam prazer.
Diversos estudos têm mostrado o quanto isso é um assunto que deve ser discutido com mais amplitude e veemência, um deles publicado em 2013 no “The American Journal of Clinical Nutrition”, e outro, no mesmo ano, que revelou o quanto alguns biscoitos conseguiam ativar o núcleo accubens – o centro cerebral que espera por esse prazer, ou recompensa, tanto quanto busca na cocaína ou a morfina.
Tais estudos mostram, também, o impacto disso na psique e na autoestima do ex-usuário de drogas. Isso, em alguns casos, gera, inclusive, recaídas. E isso fez com que alguns centros levassem a situação mais a sério, revendo as suas dietas e optando por alimentos e rotinas mais saudáveis.
Além disso, uma orientação em agricultura, ensinando a plantar hortaliças e outros vegetais, contribuem a dar novas formas de combater o vício e trabalhar o lado mais saudável da reabilitação.
fonte: tratamentodrogas.com