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Clinica Reencontro

FILHOS DE DEPENDENTES QUÍMICOS

Os estudos sobre os filhos de dependentes se baseiam não apenas no impacto que o vício causa nas relações parentais, como também na própria razão do alcoolismo, havendo possível relação entre parente dependente e indivíduo dependente. Além da dependência, outros transtornos também são analisados como consequência do uso de substâncias por um ente próximo. As pesquisas, além de entender estas consequências, têm, ainda, função preventiva.

Não necessariamente um filho de pai dependente se tornará dependente. Quando isso ocorre, alguns fatores devem ser levados em consideração, como a exposição a drogas, o modelo para o uso de drogas e a concordância paterna com o abuso de drogas. Além desses fatores específicos, devem também ser ventiladas as possibilidades relativas a ruptura familiar, discórdia conjugal, exposição a estresse, psicopatologia familiar, negligência e abuso.

Foi constatado que crianças criadas em família com pai ou mãe dependente têm maior desenvolvimento de estresse; por outro lado, têm menos independência, desenvolvimento intelectual cultural e atividades recreacionais. A comunicação familiar, inclusive, fica prejudicada. Filhos de dependentes tendem a ser mais agressivos, impulsivos, ansiosos ou depressivos.

A influência paterna implica no que se chama de modelagem – o padrão de comportamento do filho baseado na conduta do pai. Isso pode gerar efeitos sobre o próprio consumo e a frequência do consumo. A falta de afeto é fator presente neste tipo de relação.

Por outro lado, o consumo de álcool materno durante qualquer momento da gravidez pode provocar defeitos de nascimento ou déficits neurológicos relacionados ao álcool. Os filhos de alcoolistas, principalmente expostos ao álcool durante o período de gestação, mostram déficits de crescimento, anormalidades morfológicas, retardo mental e dificuldades comportamentais.

Vale salientar que, de maneira paralela ao pai, um irmão também pode gerar influência sobre outro quando se fala de substâncias químicas.

Filhos de dependentes químicos têm personalidade associada a transtornos do déficit de atenção e de comportamento disruptivo, como também ansiedade, agressividade e depressão. Filhos de dependentes de álcool têm perfil antissocial, alto nível de estresse, neurose/emocionabilidade negativa, propensão à culpa, autocensura ou mesmo excessiva sociabilidade (emocionabilidade positiva). Já os filhos de pais dependentes de substâncias ilícitas tendem a desenvolver quadro de retraimento, comportamento delinquente e problemas de comportamento.

O processo de recaída envolve determinantes imediatos, como situações de risco (ameaça ao controle), respostas de enfrentamento (o que o indivíduo faz para afastar a situação de risco), uso inicial da substância (lapso ou recaída) e efeito da violação da abstinência (como se comporta o indivíduo após o lapso ou recaída).

Cinco são as intervenções específicas para promover a prevenção de recaída:

  • Intervenções em situações de alto risco: envolvem automonitoramento, avaliações de autoeficácia e descrição de episódios passados ou fantasias de recaída.
  • Intervenções em respostas de enfrentamento: compreendem dessensibilização sistemática, treinamento de habilidade, ensaio de recaída e treinamento de relaxamento e manejo do estresse.
  • Intervenções em expectativas de resultado positivo do uso da substância: educam o paciente a respeito dos efeitos imediatos e retardados da droga.
  • Intervenções para frear o uso inicial: combinação de treinamento de habilidades e reestruturação cognitiva.
  • Intervenções sobre o efeito da violação de abstinência: o paciente tem a noção de que um lapso é similar a um erro no processo de aprendizado, sendo um evento único e específico no tempo e no espaço.

Além destas, existem, ainda, as intervenções globais: intervenções no estilo de vida do dependente, no desejo de indulgência e nas compulsões e fissuras.

fonte: grupo recanto

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